quarta-feira, 30 de março de 2011

Proposta de Trabalho 2 - Introdução


O professor propôs a realização de três composições baseadas em tipografia a partir dos versos dos heterónimos de Fernando Pessoa que apresento de seguida.


Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.

Ricardo Reis (Vem Sentar-te Comigo, Lídia, à Beira do Rio)

Tristes das almas humanas, que põem tudo em ordem,
Que traçam linhas de coisa a coisa,
Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais,
E desenham paralelos de latitude e longitude
Sobre a própria terra inocente e mais verde e florida do que isso!

Alberto Caeiro(Um Renque de Árvores lá Longe)

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! 

Álvaro de Campos (Ode Triunfal)


Fernando Pessoa foi alguém que criou e viveu quase todas as possibilidades ser e estar no mundo. O seu temperamento levo-o a desdobrar a sua individualidade criando personalidades diferentes/heterónimos que exprimem a sua apreensão da Vida. Os heterónimos são personagens de um drama e esprimem estados de alma e consciência distintos e possuem biografia própria.

Fernando Pessoa: Pintura de Júlio Pomar


Ricardo Reis  aceita o destino com naturalidade, considerando que os deuses estão acima do homem, e acima dos deuses se encontra o Fado. Defende uma filiosofia moral epicurista e estóica. O epicurismo consiste na filosofia moral de Epicuro (341-270 a C.), que defendia o prazer como caminho da felicidade. Para que essa satsifação dos desejos não provoque dor, é necessário um estado de ataraxia, de tranquilidade. O estoicismo é uma corrente filosófica que acredita que é possível encontrar a felicidade desde que não se ceda ao impulso dos instintos, seguindo o ideal ético da apatia que se define como a ausência de paixão e permite a liberdade. Ricardo Reis é um poeta disciplinado e considera que a verdadeira sabedoria da vida é viver de forma equilibrada e serena sem desassossegos. Procura ignorar tudo conscientemente, pensa apenas o momento, aceita a dureza do fado, a dureza da vida. Reis é um representante do homem clássico. Advoga o carpe diem(aproveita o dia), o prazer natural, mas controlado, sem paixões violentas, tem cosnciência da brevidade de tudo. Aceitar o mundo, aquilo que somos é para Ricardo Reis o único caminho para a felicidade.

Alberto Caeiro é o poeta das sensações, só lhe interessa viver o mundo que capta pelas sensações. Poeta do olhar,  para ele “pensar dói”, recusa o pensamento metafísico, considera que o sentido das coisas reduz-se à percepção da cor, da forma e da existência. A realidade vale por si mesma, cada coisa é o que é. Caeiro vê com os olhos e não com a mente, para ele basta sentir a existência do mundo, basta experimentá-lo através dos sentidos, através do ver. Condena o escesso das sensações pois considerea que a partir de um certo grau as sensações passam de alegres a tristes. Vive de acordo com a natureza, na sua paz e simplicidade. Pela crença na natureza é um poeta pagão que aceita a vida sem pensar e considera que existir é um facto maravilhoso desnudando as coisas de sentidos filosóficos. Ao procurar ver as coisas como elas realmente são, sublima o real, numa atitude panteísta de divinação das coisas da natureza.

Álvaro de campos evolui ao longo de três fases: a de influência decadentista, a futurista e  sensacionista e a intimista ou independente. Na primeira fase, encontra-se o tédio de viver, a morbidez, o decadentismo,a sonolência, o torpor e a necessidade de novas sensações. Na segunda fase, numa linguagem excessiva e impetuosa, apresenta a beleza da força da máquina, o progresso técnico numa intensidade e violenta totalização das sensações(unanimismo). Como sensacionista expressa as sensações de energia e movimento, procura sentir tudo de todas as maneiras. Para ele a única realidade é a sensação e procura utrapassar os seus limites. Há um excesso de sensações, a inquietude, a exaltação da energia, de todas as dinâmicas, da velocidade e da força até de situações de paroxismo. Na terceira fase, perante a incapacidade das realizações, volta o abatimento a abulia, a revolta e o inconformismo, a dispersão e a angústia, o sono e o cansaço.   


Moreira, V. & Pimenta, H. 2009. Português 12º Ano. Preparação para o Exame Nacional 2009. Porto:Porto Editora.

Proposta de Trabalho 1 - Conclusão



Depois de uma primeira pesquisa individual em que nos propusemos assimilar as mensagens visuais com base nos elementos básicos da comunicação visual apresentamos a conclusão da primeira proposta de trabalho. Acho importante salientar que a Margarida fez uma análise aos desenhos do pequeno Daniel, seu filho, onde nos é mostrado que a base para a criação de qualquer reflexo da realidade tem a sua essência nos elementos básicos da comunicação visual: pontos, linhas, cores… Da minha parte foi feita uma recolha fotográfica, mais ou menos conseguida, onde procurei identificar em diversas mensagens visuais esses tais elementos.
O resultado final, teve como base a música “Over the Rainbow”, que já referi numa fase anterior e da qual tentamos extrair um conjunto de emoções que traduzidas em conceitos procuramos ilustrar na proposta. Esperança, luz, cor, procura de harmonia, profundidade foi o que tentamos expressar no quadrado e no círculo que apresento de seguida, sempre com base no processo natural de formação de arco-íris, ou seja depois da chuva, o sol brilha e o arco-íris aparece.



Linhas que enquadram cores e tonalidades, mais frias em baixo, mais quentes em cima, a meio um arco-íris que começa a "derreter" porque a esperança superou o temor e o calor se espalha. Atrás do arco-íris, algures, o mundo procura o equilíbrio.




O arco-íris cobre toda a terra, o mundo é uma bola de cor, que pulsa de vida. A profundidade é o elemento mais marcante neste trabalho, juntamente com a cor. Enquanto que na imagem do quadrado procuramos criar uma narrativa linear, aqui (porque o círculo protege, unifica) pretendemos projectar movimento interno e externo..





Quando o arco-íris se esvai,  o céu fica mais iluminado. Paz, beleza, vida, transpiram do ambiente depois de uma tempestade. O mundo fica mais cheio, mais alto, maior.  A harmonia acontece quando há união, junção de formas e de emoções. Paz, beleza... magia.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Proposta de Trabalho 1 - Recolha Fotográfica


Aqui estão algumas fotos que tirei e que  mostram de que forma os elementos básicos da comunicação visual estão representados à nossa volta. 
Quanto à qualidade das fotos, só tenho uma coisa a dizer:  lamento!!! 














sábado, 19 de março de 2011

Proposta de Trabalho 1 - Escolha da Musica

A escolha da música ficou ao critério da Margarida recaindo a boa escolha sobre “ Over the Rainbow” muitas vezes referida como “Somewhere  Over the Rainbow”. A música foi composta por Harold Arlen e a letra é de E.Y. Harburg e foi interpretada pela primeira vez por Judy Garland no filme “The Wizard of Oz”, em 1939.




A música reflecte a passagem para um novo mundo "over de rainbow" onde os problemas se derretem como gomas de limão "where troubles melt like lemondrops".

 


The Internet movie Datebase. Judy Garland. Acedido em: 10, Março, 2003 em: http://www.imdb.com/name/nm0000023/bio.

Proposta de Trabalho 1 - Introdução

Finalmente uma folga no trabalhinho e alguma disponibilidade para organizar e publicar o trabalho que tenho vindo a desenvolver em conjunto com a Margarida, colega com a qual farei a 1ª proposta de trabalho de Design e Comunicação Visual.
Confesso que numa primeira fase fiquei bastante confuso e não consegui compreender o porquê e quais os objectivos da proposta, daí o moroso arranque para a sua realização.
Para me situar, comecei por ler o texto que o professor Bruno Giesteira disponibilizou aos alunos sobre os Elementos Básicos da Comunicação Visual de Donis A. Dondis começando assim a familiarizar-me com o tema.
Dondis fala no ponto, a linha, a forma, a direcção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento como o material básico daquilo que vemos, e é a partir deles que nos elevamos a todos os níveis de inteligência visual.

A caixa de ferramentas de todas as comunicações visuais são os elementos básicos, a fonte compositiva de todo tipo de materiais e mensagens visuais, além de objectos e experiências: o ponto, a unidade visual mínima, o indicador e marcador de espaço; a linha, o articulador fluido e incansável da forma, seja na soltura vacilante do esboço seja na rigidez de um projecto técnico; a forma, as formas básicas, o círculo, o quadrado, o triângulo e todas as suas infinitas variações, combinações, permutações de planos e dimensões; a direcção, o impulso de movimento que incorpora e reflecte o carácter das formas básicas, circular, diagonais, perpendiculares; o tom, a presença ou a ausência de luz, através da qual enxergamos; a cor, a contraparte do tom com o acréscimo do componente cromático, o elemento visual mais expressivo e emocional; a textura, óptica ou táctil, o carácter de superfície dos materiais visuais; a escala ou proporção, a medida e o tamanho relativos; a dimensão e o movimento, ambos implícitos e expressos com a mesma frequência.”
                                                                                  (Donis A. Dondis, 1991)

Nunca reflecti verdadeiramente na “origem” ou ponto de partida para o aparecimento de toda a comunicação visual que me foi incutida á medida que fui avançado no espaço e no tempo.
Na última aula em conversa com o professor com o intuito de esclarecer a orientação que deveria dar ao trabalho o professor comentou que com a realização deste trabalho passaríamos a olhar de outra forma para toda a mensagem visual que nos fosse chegar. Parei e pensei nas palavras do professor por breves segundos e a verdade é que enquanto percorria o caminho habitual até ao metro, um caminho que julgava até então conhecido porque eram muitas as vezes que lá passava, fiquei com a sensação que afinal não o conhecia. Pode parecer um pouco psicótico o que estou a dizer e talvez o seja, mas foi mesmo essa a sensação com a qual fiquei. Ao olhar para as janelas dos edifícios passei a ver mais que uma janela, via um conjunto de linhas que segmentadas de determinada forma assumiam uma forma quadrada e que em conjunto com outros elementos e características pré assimiladas e organizadas na minha mente no meu sistema nervoso a definiam como janela.
Acompanhado pela minha colega a Margarida, e em tons de brincadeira a sério, fomos decompondo várias informações visuais nos seus elementos mais simples. Durante a viagem de metro conclui que inicialmente tinha feito uma interpretação errada da proposta em causa e que tinha, ainda que inconscientemente, posto e causa a validade de algumas afirmações do professor.
Afinal, faz muito sentido ampliar a compreensão e o uso da expressão visual.   

Dondis, A. D. 1991. A sintaxe da linguagem visual. São Paulo. Martins Fontes

terça-feira, 1 de março de 2011

Gestalt - A teoria da forma





A teoria de Gestalt deve o seu inicio a Max Wertheimer quando, numa viagem em férias de comboio em 1910, observou duas lâmpadas num sinal ferroviário que acendiam e apagavam sucessivamente criando um efeito visual uniforme curioso e digno de experimentação. Wertheimer, logo, tentou recriar controladamente a sua visão com um estroboscópio, luz e figuras em cartolina partilhando de seguida a experiência com Wolfang Kohler e consequentemente com Kuzt Koffka (que trabalhava com Kohler). Esta visão de Wertheimer foi a rampa de lançamento para o surgimento da escola de Gestalt cujos primeiros estudos realizados se debruçaram na organização da parte perceptiva consciente. Procederam à realização de experiências que procuraram estudar numa primeira fase os mecanismos fisiológicos e psicológicos da percepção assim como as relações do organismo com o seu meio estendendo-se posteriormente ao campo da memória, da inteligência, da expressão e da personalidade como um todo.
Dando continuidade aos trabalhos de Christian von Ehrenfels um dos pioneiros da Gestalt que realçou que o todo é diferente da soma das suas partes, estes psicólogos concluíram que o sujeito não assume um papel passivo no mecanismo de percepção, pelo contrário, existe um processo de assimilação, organização e contextualização por parte do Córtex Cerebral que influenciado por estruturas inatas age activamente no desenvolvimento deste mecanismo. Destes estudos resultaram um conjunto de leis que explicam o comportamento natural do cérebro no processo de percepção, ou seja, de que forma as partes da forma/imagem são agrupadas na percepção visual nomeadamente na diferenciação entre o todo e as suas partes.
Destaque-se a lei da proximidade, da continuidade, da semelhança, da simetria… A lei da proximidade explica que os elementos são agrupados de acordo com a distância a que se encontram uns dos outros. A lei da continuidade explica que os elementos regulares, cadenciados produzem um efeito visual da forma de modo coerente e contínuo. A lei da semelhança explica que os estímulos quando semelhantes tendem a agrupar-se. A lei da simetria explica que as formas são mais perceptíveis quanto mais simétricas elas forem, as formas são mais facilmente identificáveis quando o eixo de simetria é vertical.



Ash, M.G. 1995.Gestalt psychology in German culture. Cambridge, UK. Cambridge University Press.
Dondis, D. 1998. La sintaxis de la imagen: Introducción al alfabeto visual. Barcelona. Editorial Gustavo Gili, SA.
Ginger , S. 1995. Gestalt uma terapia do contacto. São Paulo. Summos editorial. 38-42.
Ribeiro, J.1985. Gestalt terapia: refazendo um caminho. São Paulo. Summos editorial. 65-67.